sábado, 23 de março de 2013

Sape espera adesão de 52 mil agricultores ao seguro

 


A expectativa da Secretaria Estadual da Agricultura, da Pecuária e da Pesca do RN é de que, este ano, 52 mil agricultores façam adesão ao plano do Garantia-Safra - 40% a mais do total de inscritos no ano passado, que foi de 37.137. O programa assegura aqueles que não têm expectativa de safra agrícola. Pelos cálculos da Federação da Agricultura do Rio Grande do Norte (Faern) e do Governo do Estado, em 2012, as perdas na agricultura atingiram 70% da lavoura, devido à estiagem.
João Maria AlvesNos depósitos da Companhia, estão armazenadas 1.700 toneladas de milho, 5% da capacidadeNos depósitos da Companhia, estão armazenadas 1.700 toneladas de milho, 5% da capacidade

Ontem, o recém-empossado titular da Sape, o agropecuarista José Teixeira de Souza Júnior afirmou que está se inteirando de informações, inclusive de outras pastas e órgãos públicos envolvidos com a questão da seca, para então montar uma estratégia de enfrentamento, caso se agrave a estiagem ou não se configure a previsão de chuvas, mesmo abaixo do  normal e de maneira irregular, como estão anunciando os meteorologistas. "Não vai demorar, a coisa é urgente", asseverou.

O secretário adjunto da Sape, José Simplício, explicou que já no ano passado a pasta começou a  executar um programa a fim garantir parte do alimento - o chamado volumoso - para o rebanho da agricultura familiar no Rio Grande do  Norte. Na primeira fase, o Programa de Distribuição de Alimentos garantiu o "volumoso" ou "forragem" de milho triturado e misturado ao capim a pelo menos 3.200 agricultores familiares.

Segundo Simplício, o programa  está passando por um aditivo contratual com a empresa Santana, para que ao invés de garantir o "volumoso" ao agricultor que fosse proprietário de dez reses ou 30 caprinos e ovinos, também passe a beneficiar aquele agricultor familiar que ainda tenha, remanescente da seca, entre 25 ou 30 cabeças de gado. Inicialmente, acrescentou José Simplício, o governo vem garantindo o "volumoso", por exemplo, para a alimentação de animais a cada 15 dias. Como uma uma rês come cinco quilos de ração por dia, a Sape estava garantido ao criador de dez reses, um total de 50 kg por dia, ou seja, 750 quilos de "volumoso" por mês.

Nessa primeira etapa, informou José Simplício, o governo investiu R$ 2,6 milhões na aquisição de 7.800 toneladas de volume, que é repassado ao agricultor sem nenhum custo, "como recursos não reembolsáveis". A distribuição é feita em 19 postos da Emater localizados em todas as regiões do Estado, "para que em um raio de 50 km o agricultor não tivesse dificuldade de acesso e de transporte".

Com relação aos criadores que não estão enquadrados no grupo da agricultura familiar, o secretário  Júnior Teixeira disse que já avalia o documento que foi entregue à governadora Rosalba Ciarlini pela Faern com a "Proposta de Crédito para Salvação do Rebanho Pecuário Remanescente da Seca 2012", orçada em R$ 232,92 milhões, dos quais R$ 178,2 são para a salvação dos animais de grande porte.

O secretário adjunto José Simplício admite que a reivindicação dos agropecuaristas para que o governo avalize o crédito deva passar por uma revisão. Segundo Júnior Teixeira, de imediato a seca traz uma primeira perda, que é a venda de uma parte do gado para que o prejuízo não seja maior, e depois o animal que é morto. Uma terceira fase "é a parada no ciclo de reprodução", que também contribui para a diminuição do rebanho bovino do Estado, o qual foi reduzido em um quarto no ano passado.

Conab está quase desabastecida

Em virtude da indisponibilidade da frota de caminhões e carretas para o transporte do milho do Centro-Oeste do país para o Rio Grande do Norte, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), hoje, só dispõe de 1.700 toneladas do grão, a ser vendido a preços subsidiados aos agricultores, que estão com dificuldade de alimentar o rebanho por causa da estiagem.

O superintendente regional da Conab, João Maria Lúcio da Sival, disse que "isso representa 5% da nossa capacidade", mas afirmou que a partir desta segunda-feira (25) já deverá estar a caminho do Mato Grosso os primeiros carregamentos de milho: "Já estão garantidos 16.500 toneladas de milho, mas a capacidade estática dos armazéns, aqui, é de 34.100 toneladas".

Segundo João Lúcio da Silva,  a demora no transporte do milho para o Estado, deve-se pelo fato de que os caminhões graneleiros estão envolvidos com a colheita da soja na região Centro-Oeste e o seu transporte para os portos do sul do país, de onde a oleaginosa  é exportada para o exterior, União Européia, China e Japão.

João Silva explicou que os 16,5 mil/t do milho é referente, ainda, a um pedido feito em 2012 à Conab, mas já pediu 14  mil/t para repor os estoques da Conab nos dois armazéns existentes em Lagoa Nova, em Natal e  mais nas cidades de Assu, Caicó, Currais Novos, Lajes, Mossoró e Umarizal.

Silva afirmou que o milho será destinado à alimentação de aves, suinos, caprinos, ovinos e bovinos, mas por conta da seca, já solicitou à Conab, em  Brasília, à aquisição de 111 mil toneladas de milho para o Rio Grande do  Norte em 2013. "A disponibilização do grão será feita por etapas", avisou ele.

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