Deputado Henrique Eduardo Alves e novo líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP).
A presidente Dilma Rousseff vive dias infernais no Congresso Nacional. Pressionada por líderes de diversos partidos, entre os quais o poderoso PMDB, ela tem procurado remontar a base de apoio.
Ontem (13), a presidente anunciou novos líderes do governo no Senado e na Câmara dos Deputados.
No Senado, ela trocou Romero Jucá (PMDB-RR) por Eduardo Braga (PMDB-AM), desagradando líderes do porte de José Sarney (PMDB-AP) e Renan Calheiros (PMDB-AL). Jucá é amiguinho dos dois e estava na condição de líder desde os tempos de FHC, passando por Lula e chegando a Dilma.
Na Câmara dos Deputados, Dilma substituiu Cândido Vaccareza (PT-SP), ligado a José Dirceu, por Arlindo Chinaglia, ex-presidente da casa e tido como parlamentar de temperamento difícil.
Tanto Braga como Chinaglia são indicações da ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, em guerra com a maioria dos líderes no Congresso.
Ninguém sabe se as mudanças pacificarão a base da presidente Dilma Rousseff. Só o tempo dirá. No momento, elas têm provocado muitas reações pela maneira abrupta como foram decididas. O processo está em curso.
Mas uma coisa pode-se dizer: a crise na base da presidente favorece muito o projeto de Henrique Eduardo Alves para chegar à presidência da Câmara dos Deputados. Por dois motivos principais: a presidente Dilma Rousseff passou a depender mais do vice-presidente Michel Temer, padrinho de Henrique, e Arlindo Chinaglia é da ala do PT que prega o cumprimento do acordo com o PMDB para alternância na presidência da Câmara.
Aliás, Chinaglia foi favorecido pelo primeiro acordo do PT com o PMDB para presidir a casa (2007-2009). Naquela ocasião, o favorito era Aldo Rebelo (PCdoB-SP), hoje ministro do Esporte.
Ontem mesmo, Chinaglia ligava para tranquilizar Henrique Eduardo Alves quanto ao cumprimento do acordo entre os dois partidos.
Arlindo Chinaglia vai precisar de Henrique Alves para consolidar sua liderança na Câmara dos Deputados em votações importantes como a do Código Florestal, mais uma vez adiado. E o deputado potiguar vai precisar de Chinaglia para conter o desejo de alguns petistas de melar o acordo com o PMDB.
É difícil acreditar que o Planalto e a cúpula do PT na Câmara possam arriscar a governabilidade num hipotético descumprimento do acordo com o PMDB. A crise seria imensurável, muito maior do que a que ocorre hoje.
Se existe um beneficiado na crise atual da base de Dilma, esse cara é Henrique Eduardo Alves.
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